sábado , 23 novembro 2024
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Anápolis foi construída a muitas mãos e, também, por múltiplos idiomas. Cidade tem no seu DNA uma população composta por cidadãos de diferentes partes do país e do mundo

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Compreender a cidade de Anápolis de hoje, que completa 117 anos neste dia 31 de julho, é olhar para o passado e constatar que sua formação conta com povos vindos de diferentes locais do Brasil e do mundo. Os imigrantes são parte da sociedade local, dos marcos e conquistas da cidade que soma perto de 400 mil habitantes e que segue crescendo em um ritmo considerável nos últimos anos.

Fatores econômicos, sociais, políticos e religiosos trouxeram diferentes povos para Anápolis, sem que existisse no município uma política oficial de incentivo a imigração. A chegada de estrangeiros ocorreu, em muitos momentos, de forma espontânea. 

Até mesmo quando o fluxo migratório não era volumoso, a chegada de grupos de algumas nacionalidades representaram mudanças consideráveis no cotidiano da cidade. Afinal de contas, é impossível negar a influência dos freis franciscanos que vieram dos Estados Unidos para Anápolis, na década de 1940. 

Foram esses religiosos que moldaram o Colégio São Francisco, que formou gerações e gerações de Anápolis. As irmãs franciscanas de Allegany, que também vieram dos EUA, são fundamentais até hoje na assistência social e na estruturação da Santa Casa de Misericórdia, por décadas uma importante porta de entrada para a população mais carente que buscava socorro médico. 

Por iniciativa de um imigrante, o missionário cristão britânico James Fanstone, que também era médico, Anápolis ganhou, ainda nos anos 1920, um dos grandes hospitais do interior do Brasil, o Hospital Evangélico Goiano (HEG). Segundo registros, na década de 1950, o hospital tinha 100 leitos e cerca de 1.000 grandes operações eram realizadas no local anualmente. 

Fanstone ajudou a expandir a religião protestante na cidade e também fundou a Associação Educativa Evangélica (AEE), hoje mantenedora da Universidade Evangélica de Goiás (Unievangélica), fruto de muitas mãos e que exemplifica a capacidade de influência de uma obra na história de uma cidade.

FLUXOS

Além disso, entre os povos que imigraram para Anápolis estão os árabes, japoneses, italianos e portugueses. Tais fluxos se verificaram, sobretudo, em momentos de grande crescimento da cidade e região. Conforme relatado no livro “Anápolis, Passado e Presente – História, Geografia e Economia”, de Revalino Freitas, o primeiro fluxo migratório se verificou nos primórdios do povoado, quando várias famílias procedentes dos estados de Minas Gerais, Bahia, Maranhão e Piauí, em deslocamento pelo Estado de Goiás, fixaram-se na região, erguendo as primeiras habitações do local.

O escritor ainda registra que no século 20, o fluxo se ampliou, abarcando pessoas de outras cidades do Estado, já que Anápolis passou a se constituir em centro comercial importante. Em 1912 chegaram as famílias de italianos e no final dos anos 1920, as famílias de japoneses. Em ambos os casos, em pequena quantidade.

Não há dúvida que a estrada de ferro foi a grande indutora para que comunidades de imigrantes se instalassem em Anápolis. Nos primeiros anos da década de 1930, a população da cidade cresceu consideravelmente. Na obra de Revalino Freitas é afirmado que o fluxo migratório foi mais influente que o crescimento vegetativo local para que a cidade vivesse uma expansão urbana a olhos vistos e também passasse a sofrer especulação imobiliária.

Um terceiro momento de expansão populacional, também contada na obra de Revalino Freitas, ocorreu nos anos 1970, com a construção da Base Aérea, quando centenas de pessoas se mudaram para a cidade, diante das novas oportunidades oferecidas pela instalação da unidade militar.

O professor Juscelino Polonial afirma em um de seus estudos que “é inegável a importância do processo migratório para o desenvolvimento do país, em todas as suas regiões”. A primeira imigração para a América, de modo geral, veio da região da Síria. Em 1943, com os movimentos separatistas e de independência criou-se a República do Líbano surgindo a nova imigração dos chamados libaneses. Daí a ligação dos chamados sírio-libaneses. Os árabes são os mais presentes na cidade e a influencia sociocultural dos libaneses, sírios e palestinos é notável.

Os imigrantes foram fundamentais no desenvolvimento do município, principalmente para o fortalecimento da cidade. Graças aos sírio-libaneses a cidade teve seu forte desenvolvimento na área do comércio. “Anápolis já foi o maior polo atacadista da região Centro-Oeste graças ao empreendedorismo comercial dos árabes. Os sírios libaneses tiveram, e têm ainda hoje, influência direta e indireta na economia, política, esporte, lazer, dentre outros aspectos da vida social anapolina.

COLÔNIA

Anápolis registra também uma valorosa contribuição sociocultural da colônia japonesa. Segundo os relatos históricos, foi em 1908 que 165 famílias de colonos japoneses, desembarcaram no Porto de Santos (SP), o motivo seria o período de grande crescimento populacional em seu país. Faltavam empregos para a maioria. O caminho seguido por grande parte desses imigrantes os trouxe para Goiás. Aos poucos foram integrando à cultura local, agregando valores na arte, costumes, língua, crenças. A cidade estava passando por melhorias e largo crescimento. 

Os japoneses aproveitaram esse momento para unir forças e trabalhar bastante. Os anos se passaram e, devido à grande população japonesa, decidiram fundar a Associação Cultural Nipo-Brasileira de Anápolis. 

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