“Quando eu acordei, percebi que estava difícil de respirar, o que foi agravado pelo meu desvio de septo. A garganta arranha”, comentou o empresário Juliano Ribeiro, 45 anos, enquanto passeava neste domingo (25/8) pela manhã, com a mãe e as tias. Em casa, ele aumentou a ingestão de água e manteve o umidificador ligado o tempo inteiro. Na rua, o grupo familiar buscou refúgio na fonte da Torre de TV e na água de coco geladinha.
Os sintomas e os cuidados declarados por Juliano são reflexo do fenômeno vivenciado pelos brasilienses no domingo, quando a cidade foi invadida por uma fumaça que encobriu totalmente o céu ao longo do dia. A exposição à poluição provocada por incêndios pode trazer riscos significativos para a saúde respiratória como agravamento de condições pré-existentes como asma e rinites e aumento do risco de doenças cardiovasculares.
De acordo com a Secretaria de Saúde (SES-DF), que emitiu neste domingo (25/8) um alerta sobre os riscos elevados à saúde devido a incêndios e fumaça, “as partículas finas e os poluentes presentes na fumaça podem penetrar nos pulmões, afetando o bem-estar geral”. A pasta destaca, ainda, que a população deve manter-se hidratada, utilizar umidificadores devido a baixa umidade do ar, manter-se informada sobre as condições da qualidade do ar e buscar ajuda médica.
Preocupada com o filho de 6 anos e com a sobrinha de 5, Sara de Araújo Feitosa, 34, resolveu levá-los para passear ao ar livre, no Eixão do Lazer. Mesmo com a secura e o calor, ela foi com as crianças para um espaço aberto, onde ficaram debaixo da sombra das árvores. “A gente amanheceu com bastante dificuldade para respirar, mas estamos bebendo bastante líquido. Viemos praticar atividade ao ar livre e estamos comendo frutas e usando roupas leves”, conta Sara.
Pessoas com condições crônicas como sinusite e rinite, além dos mais alérgicos, ficam mais vulneráveis a alterações e crises das doenças. Crianças e idosos também estão mais expostos aos riscos. Quem tem condições cardiovasculares também pode experimentar um maior desconforto. O pneumologista Eduardo Cartaxo explica que a fumaça tem alta concentração de monóxido de carbono e partículas de fuligem, que são os componentes responsáveis pelas alterações no sistema respiratório, o que aumentou os sinais de alerta em Brasília.
“O ideal, neste momento, é ficar em casa, com as portas e janelas fechadas para impedir a entrada da fumaça e apostar no uso de ventiladores e ar-condicionado para driblar o calor. E o mais importante: ligar o umidificador. Se estiver com a limpeza em dia e adequada, o umidificador é o que vai ajudar bastante nesse momento”, comenta o médico. Outras medidas para aumentar a umidade relativa do ar são o uso de baldes com água no ambiente, além de toalhas úmidas perto ou até mesmo sobre o corpo. Caso tenha que sair de casa, Eduardo destaca a importância de usar máscara.