Maioria absoluta no serviço público do Distrito Federal, seis a cada 10 servidores ativos são do sexo feminino, de acordo com dados do Painel de Pessoal da Secretaria de Economia (Seec). Enquanto as mulheres ocupam 63,58% do quadro efetivo do Governo do Distrito Federal (GDF), os homens representam 36,42% de um total de 107.847. Essa vantagem numérica, porém, não impede que essas profissionais passem por algum tipo de preconceito ou constrangimento em razão do gênero. E nem mesmo a segurança pública escapa dessa realidade com nuances misóginas, seja em relação ao contato direto com a comunidade seja dentro da própria corporação.
A agente do Departamento de Trânsito (Detran-DF) Luciana Machado Beier está na autarquia há 10 anos e destaca que o pior momento, em 10 anos de carreira no Detran-DF, ocorreu coincidentemente no Dia Internacional da Mulher deste ano. “Um advogado quase me bateu aqui. Nunca tive tanto medo quanto naquele dia. Também acho que foi a vez em que vi o maior preconceito em uma abordagem”, detalha. “Isso tudo ocorreu porque o carro dele foi apreendido com quase R$ 10 mil em multas. Só estávamos agindo conforme a lei”, acrescenta.
Para Luciana, sempre há quem tente diminuir as mulheres. “No meu caso, principalmente, porque minha parceira de rua também é uma mulher. Isso costuma acontecer quando fazemos as abordagens”, comenta. “São casos em que a gente tem certeza de que, se fosse um homem abordando, a forma de tratar seria diferente. Até hoje, esse tipo de comportamento me causa nervosismo”, lamenta. “Isso acontece tanto nas abordagens quanto dentro da autarquia. Só que costumo ficar tranquila com isso. Para quem tenho que provar meu valor, eu provo”, afirma.