O Distrito Federal está em alerta após recentes casos de quedas de árvores durante o período chuvoso. A situação preocupa os moradores, pois somente este ano, a capital registrou mais de 100 ocorrências dessa natureza, de acordo com a Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap). O número, no entanto, ainda é menor em relação ao registrado no ano passado, quando houve 134 casos desse tipo, entre janeiro e outubro.
As causas das quedas são variadas, conforme a Novacap. Entre os principais fatores estão os ataques de pragas, que danificam as raízes e o tronco. Além disso, o encharcamento do solo durante as chuvas afeta a estabilidade da vegetação, aumentando o risco de quedas. O Plano Piloto é considerado uma das regiões mais críticas, por concentrar espécies antigas e de grande porte que, no caso de ventos fortes e chuvas intensas, apresentam maior potencial de queda.
A fim de reduzir o número de casos, a Companhia também realiza a substituição da vegetação menos adaptada ao Cerrado. “Nos últimos anos, grande parte das árvores plantadas no DF são espécies nativas, o que ajuda a minimizar os riscos, já que são mais resistentes e adequadas ao ambiente urbano da região”, disse a Novacap em nota.
Problema complexo
Para o professor da Universidade de Brasília (UnB) e especialista em Meio Ambiente Saulo Rodrigues, as quedas são, em grande parte, resultado das características do solo de Brasília. “O clima seco do Cerrado contribui na formação de solos rasos. Essa característica aumenta a vulnerabilidade, pois as raízes encontram menos profundidade para se fixar” explicou.
Ele alertou que essa condição, combinada com a presença de árvores não nativas do Cerrado, aumenta o risco de quedas. “Algumas espécies, introduzidas durante a criação de Brasília, não se adaptaram ao bioma Cerrado. Suas raízes superficiais as tornam suscetíveis a quedas em eventos climáticos extremos, como fortes chuvas.”
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