Juíza cita resolução do TSE deste ano para punir Mabel e Caiado e fala em uso de ‘palavras mágicas’ para disfarçar pedido de voto

A Justiça Eleitoral de Goiás condenou, nesta quarta-feira (11), o governador Ronaldo Caiado (União) por abuso de poder político e cassou o registro do prefeito eleito de Goiânia Sandro Mabel (União).

A decisão determinou que eles fiquem inelegíveis por oito anos. A vice de Mabel, Cláudia Lira (Avante), também foi condenada. Cabe recurso.

Na decisão, a juíza Maria Umbelina Zorzetti destaca que as defesas de Caiado e de Mabel informaram que “não houve pedido explícito de votos para as pessoas que participaram dos eventos”.

No despacho, ela cita, a partir dessa versão das defesas, que há formas de fazer a ilegalidade de maneira disfarçada e isso é alcançado pela jurisprudência.

A magistrada cita a resolução que começou a valer neste ano e fala sobre o “uso de ‘palavras mágicas’ para disfarçar o pedido direto de votos”.

Trata-se da Resolução do TSE nº 23.732/2024 que incluiu “o pedido explícito de voto não se limita ao uso da locução ‘vote em’, podendo ser inferido de termos e expressões que transmitam o mesmo conteúdo”.

Na decisão a justiça cita essas frases disfarçadas por parte de Mabel e de Caiado.

“Nas falas dos investigados, marquei as palavras mágicas usadas por eles. Fala do investigado Ronaldo Caiado: ‘Olha, agradecer o voto. Não fui eleito, mas você pode saber que eu continuarei na luta política porque eu, ao ter o Sandro Mabel lá na prefeitura, eu tenho acesso para resolver os problemas da minha região e ele vai resolver porque tem o apoio do governador Ronaldo Caiado’.

Sobre Mabel, ela registra: “Da mesma forma, o investigado Sandro de forma disfarçada pediu o apoio dos vereadores eleitos e seus suplentes quando disse ‘a esperança que eu tenho com vocês é que eu quero dizer pra vocês que o sonho não terminou” (…) “ junto com vocês nós vamos construir a melhor capital do Brasil’’.