O governo federal, em uma decisão controversa, leiloou na B3, nesta quarta-feira (21), pela primeira vez, a concessão de um manejo florestal. Foram licitados na bolsa de valores, na capital paulista, 453.401,11 hectares da Floresta Nacional (Flona) do Jatuarana, localizada em Apuí (AM), distribuídos em quatro Unidades de Manejo Florestal (UMFs). Os quatro lotes foram arrematados com contratos que terão vigência de 37 anos, o que levanta preocupações sobre a exploração a longo prazo.
Segundo o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, as concessões deverão arrecadar anualmente R$ 32,6 milhões e gerar cerca de 2,8 mil empregos diretos e indiretos. No entanto, críticos argumentam que a exploração de recursos madeireiros e não madeireiros, como madeira em tora, palmito, açaí, castanha-do-pará, óleo de copaíba e andiroba, pode levar à degradação ambiental e à perda de biodiversidade.
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, afirmou que “O Brasil está mostrando que é possível promover o desenvolvimento econômico sem destruir suas florestas”. Entretanto, muitos questionam a eficácia dessa política pública, temendo que o foco no lucro possa comprometer a proteção das florestas. As empresas vencedoras do certame foram OC Prime Comércio e Industrialização de Madeiras Ltda, Duarte da Silva Ltda (Madeireira Gedai) e Brasil Tropical Pisos Ltda, com lances variando de R$ 150,48 a R$ 244,98 por m³ de madeira em tora.
A gestão do projeto é conduzida pelo Serviço Florestal Brasileiro (SFB), com apoio técnico do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Nelson Barbosa, diretor do BNDES, mencionou que “Um dos maiores benefícios do manejo florestal é que as florestas são mantidas em pé”. No entanto, o aumento de 35% na área sob concessão de florestas federais, elevando o total para cerca de 1,3 milhão de hectares, levanta dúvidas sobre a sustentabilidade a longo prazo e o verdadeiro impacto ambiental dessas ações.
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