Anápolis se consolidou como a segunda cidade de Goiás que mais recebeu recursos da Lei Paulo Gustavo (LPG), destinada ao fomento do setor cultural. Segundo o relatório da Secretaria de Estado da Cultura (Secult-GO), o município captou R$ 3,02 milhões, ficando atrás apenas da capital, Goiânia, que recebeu R$ 39,4 milhões. O investimento representou um grande impulso para a produção cultural local, viabilizando projetos em diversas áreas artísticas e garantindo mais oportunidades para artistas e produtores culturais.
Os recursos foram destinados à produção audiovisual, dinamização de salas de cinema, formação de profissionais e fortalecimento de empresas do setor. A execução da Lei em Goiás foi concluída em 2024, totalizando R$ 50,6 milhões distribuídos para projetos em diversas cidades.
A cidade recebeu projetos em diversas frentes, incluindo a produção de curtas e longas-metragens, apoio a empresas do setor audiovisual e a modernização de espaços culturais.
Para Delvanira Bernardo, ex-diretora de Cultura da Secretaria Municipal de Integração, o investimento de R$ 3 milhões da Lei Paulo Gustavo em Anápolis representa um fortalecimento significativo do setor cultural do município. “Foram viabilizados projetos estruturantes, como apoio à produção audiovisual, reformas de espaços culturais, cinema de rua itinerante e ações de capacitação técnica”, explicou.
Ao todo, mais de 50 projetos foram aprovados, contemplando desde a produção audiovisual até a reestruturação de espaços culturais, como a Sala Pública de Cinema na Galeria Antônio Sibasolly. “Esse projeto recebeu um investimento de R$ 100 mil para democratizar o acesso ao cinema e fortalecer a produção local”, destacou Delvanira.
Entre os destaques está a exposição de artes visuais “Abaixo do Sol, Acima da Terra”, do artista Valdson Ramos, que integrou a mostra coletiva “Sobre Nós” e ganhou projeção regional, sendo exibida em outras cidades. “Os projetos financiados têm o potencial de consolidar Anápolis como um celeiro de produtores culturais”, explicou Delvanira.
Historicamente, Anápolis já possuía uma forte produção audiovisual, sendo palco da 10ª edição do Festival de Cinema no último ano. Para Delvanira, “o investimento da Lei Paulo Gustavo pode consolidar ainda mais a cidade como um centro relevante para o audiovisual no estado de Goiás”.
No entanto, ela aponta que novas medidas são necessárias para ampliar esse potencial, como um aumento no orçamento do festival, a criação de um edital exclusivo para o audiovisual e a inclusão desse setor na Bolsa Cultura, possibilitando maior formação para produtores e diretores locais.
Outro aspecto importante é o crescente interesse dos artistas e produtores culturais em buscar editais e incentivos. Segundo Delvanira, “houve um aumento significativo no interesse de produtores culturais e artistas anapolinos em buscar editais de fomento e incentivos”.
Esse movimento demonstra o potencial criativo de Anápolis, mas, para Delvanira, o município ainda precisa ser fortalecido com mais capacitação e estrutura organizacional. “A criação de uma gerência ou coordenação específica dentro da futura Secretaria de Cultura seria um passo importante”, sugeriu. Além disso, ela defende que “a capacitação de produtores e artistas na elaboração de projetos é fundamental para garantir que Anápolis continue se destacando não apenas em editais municipais, mas também em âmbito nacional”.
Para Delvanira, apesar do avanço proporcionado pelos investimentos da LPG, há desafios a serem superados para manter o crescimento do setor cultural. “Precisamos melhorar a infraestrutura cultural, com a conclusão do Centro Cultural Dulce de Faria e a adequação de espaços para ensaios de coletivos artísticos”, apontou Delvanira. Além disso, ela reforça a importância de garantir a manutenção da Sala Pública de Cinema e criar uma sede para os grupos de excelência da cidade. “Esses são pontos que precisam de atenção da gestão municipal”, salienta.
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