A Escola Classe 16 de Planaltina foi local de um caso de violência na última quarta-feira. Um adolescente que frequentava o colégio há poucos dias, atacou uma professora, ameaçando-a com uma faca e a fez refém por mais de uma hora. Com base no caso, o Correio ouviu especialistas e professores, além da Secretaria de Estado de Educação (SEEDF), que sinalizaram as ações necessárias para que episódios como esse não se repitam.
A professora da rede pública Amanda de Paula afirma que Investir na educação da primeira infância é uma das medidas mais preventivas de violência que existe. “Atendimento psicológico também é um fator ausente nas escolas e deveria ser obrigatório. A sociedade está muito adoecida e os jovens têm muitos conflitos interpessoais não resolvidos. Já trabalhei em direção escolar e fui ameaçada algumas vezes por estudantes. Quando íamos analisar o histórico do estudante, geralmente ele estava inserido em um contexto familiar turbulento: falta de afeto, drogas, violência doméstica, falta de alimentos e itens de necessidades básicas…”, aponta.
Na visão de Wellington Rodrigo, professor formado pela Universidade Estadual do Pará (UEPA), ações preventivas são urgentes. “Eu acho que faltam projetos voltados a esse tipo de problema. Penso que as escolas se fecham um pouco mais (sobre a violência) e só abordam quando acontece algo, o que é bem ruim.”
Para Márcia Gilda, diretora do Sindicato dos Professores no Distrito Federal (Sinpro-DF), não há como falar de segurança nas escolas sem abordar o investimento no sistema educacional. “Há mais de duas décadas, foram privatizados os serviços de portaria e vigilância das escolas públicas, e, até hoje, a gente chega na maioria das escolas públicas, e não tem uma pessoa na portaria. Como ter segurança com o portão de uma escola aberto?”, indaga. A diretora salienta que a atuação do batalhão escolar da Polícia Militar do DF (PMDF) é essencial para que a violência seja coibida, mas reclama a quantidade de viaturas percebidas, diariamente, no perímetro escolar.
Saúde mental
Talita Albuquerque, psicóloga clínica, lembra que, geralmente, espera-se que “apenas” com a presença de policiamento local, rondando as escolas, sejam zeradas as chances de ocorrer algo como o que aconteceu na escola de Planaltina. “É necessário que se tenham ações a curto, médio e longo prazos”, pontua.