Cercado por cachoeiras e paisagens ricas em espécimes da fauna e da flora do Cerrado, o município de Alto Paraíso de Goiás, porta de entrada do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, atrai turistas do Brasil e do exterior o ano todo. Mas, longe dos holofotes das belezas naturais, a cidade — distante cerca de 230km de Brasília —, entrou na agenda do Ministério Público do Estado de Goiás (MPGO) por denúncias de irregularidades no planejamento urbanístico da região.
O Plano Diretor de Ordenamento Territorial (PDOT) elaborado pela prefeitura está praticamente pronto, mas ainda receberá ajustes finais do governo estadual, pela Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Goiás (Semad), antes de ir a apreciação pela Câmara Municipal. Esse processo, contudo, preocupa vários moradores e líderes comunitários. Eles consideram que o projeto pode causar prejuízos à cidade e até a arredores da reserva ambiental. E levantaram suspeitas de que estaria sendo preparado para atender a interesses pessoais de autoridades municipais.
Um líder comunitário da região, que não pediu para se identificar, declarou que acompanha o desmatamento e a invasão de terra na região há muitos anos. Lembrou que a população e o MPGO foram convidados a uma audiência pública, organizada pela prefeitura, onde o novo PDOT foi apresentado. E depois desse encontro, nada mais foi repassado, tampouco outras reuniões, que deveriam haver ocorrido, foram marcadas. Essas situações o levaram a desconfiar que a proposta em estudo pela Semad é diferente da que conheceu.
“Para o plano ir à Câmara (Municipal de Alto Paraíso de Goiás) para votação dos vereadores são necessárias três audiências (públicas). Salvo engano, só houve essa única. Dentro da região, não tem para onde crescer mais (com loteamentos), porque tem a área do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros. Eu espero que autoridades não estejam em um (esquema de) enriquecimento ilícito, em algo de parcelamento irregular do solo na nossa região”, alertou.