A advogada, Kênia Sousa esbanja sorrisos ao falar da sua única filha, Letícia Sousa Curado. Contudo, o vazio no olhar escancara a dor de havê-la perdido assassinada há cinco anos. “Nós éramos grudadas. Depois do ocorrido, só consigo me questionar: como viver uma vida sem Letícia?”. O assassino está preso e condenado. E não é exceção no Distrito Federal. A taxa de condenação de feminicidas julgados na capital do país, entre 2022 e outubro passado é de 96%, segundo o promotor de Justiça e coordenador do Núcleo de Defesa da Vida do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), Raoni Maciel. “Seguramente, é uma das mais altas do país e sem cifra oculta. Aqui, não temos casos a esclarecer”, afirmou.
Aos 26 anos, em agosto de 2019, Letícia foi asfixiada e morta. Ela deixou um filho, à época com três anos. Marinésio dos Santos Olinto, 43, que admitiu a culpa foi a julgamento 22 meses depois do crime. Ele foi condenado a uma pena de 37 anos em regime inicialmente fechado, sem possibilidades de recorrer em liberdade. Os jurados aceitaram todas as qualificadoras apontadas pelo MPDFT: feminicídio, motivo torpe, meio cruel, dissimulação e crime praticado para assegurar impunidade de outro crime. Ele também foi sentenciado por tentativa de estupro, furto e ocultação de cadáver.
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